domingo, 15 de setembro de 2013

Você não pode apagar suas pintas...

Dermatologistas discordariam, mas esse não é o caso... Tenho estado bastante envolvida nessa tentativa de lançar uma nova iniciativa -- não digo empresa, empreendimento ou o mais cool "startup", porque tudo ainda é muito embrionário e despretensioso para isso -- mas ainda estou me debatendo com o tema/foco.

Estou tentando separar o que é gosto/aptidão do que é resultado de dez anos de experiência em uma determinada área. Principalmente porque eu aprendi a fazer razoavelmente bem diversas coisas nessa área mas... Não posso dizer que isso tenha me feito feliz (além da felicidade eventual de ver uma ou outra coisa bem feita), ou que seja algo que eu queira continuar fazendo, mesmo que nos meus próprios termos, nos próximos anos.

A primeira ideia foi começar a escrever textos sobre educação/aprendizagem e seus termos relacionados (tecnologia, ferramentas, métodos etc.). Essa ideia se sustentou por boa parte do planejamento antes que eu encarasse a realidade: essas coisas não me entusiasmam -- elas fazem parte de um repertório de experiências e interesses adquiridos, mas não fazem meus olhos brilhar. Consequentemente, você não pode incendiar os outros sem nenhuma faísca da sua parte.

Após essa constatação, começa a fase de investigar então "do que és feito e a que veio". É um trabalho arqueológico de ligar os pontos, migalhas, pedaços. Acho incrível o fato de ser uma coisa muito mais feminina essa coisa de "se redescobrir" -- não porque a gente esteja mais aberta a análise, mas porque com uma facilidade mais do que fora do comum a gente se anula, e faz de conta que nunca houve outra coisa nas nossas listas de vontades, gostos e preferências. É duplamente difícil... Fazer o trabalho de voltar ao começo e se conformar que, para quem se beneficiou por muito tempo dessa anulação, não faz a maior diferença -- é tipo um "fez assim porque quis"... Nesses momentos eu fico muito mais sossegada por ter feito as pazes com ser a FDP. Melhor ser uma FDP livre, do que uma "parceirona" destruída.

Estou sentindo como se eu estivesse novamente em fase de testes vocacionais. Com uma diferença muito fundamental: eu já sei que escolher pelo "bom senso" é a pior opção possível. Eu tenho que me sustentar, tenho que pagar dívidas acumuladas de más decisões e maus investimentos, tenho que tentar garantir um futuro um pouco mais sossegado mas... Se não puder ser com uma coisa que realmente faça sentido para mim, exercite o meu desenvolvimento, me movimente, me faça brilhar por dentro e possa oferecer algo de valor ao mundo... Se não for uma coisa com tudo isso, eu vou estar conversando por aqui novamente em algum tempo... E eu sinceramente não gostaria de repetir mais essa fase que me é tão familiar.

Nos meus "estudos arqueológicos" já encontrei várias coisas que eu gostava, mas abandonei. Coisas que eu faço despretensiosamente desde sempre, e vontades que são constantes e que eu tenho tentado aplicar (sem sucesso) em outras áreas nas quais não cabem. Fico surpresa de ver o quanto de caminhos mais naturais eu fui capaz de ignorar, tentando ser alguém que eu não sou. No final das contas, as coisas que a gente gosta sempre estão com a gente, e são bem claras -- por mais que a gente não saiba como ligar isso ao fundo da carteira.

Seja eu um dálmata, uma galinha d'angola, um gato malhado ou um tigre -- o fato é que a gente não pode apagar nossas pintas... Nunca.

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