segunda-feira, 24 de março de 2014

Metade do céu

Nesse domingo fizemos uma baguncinha (Caos! Caos! Caos!) na intenção de dar uma organizada na sala aqui de casa. Hoje, minha ideia era simplesmente começar a arrumar o possível enquanto a Lívia dava um sossego (nos breves momentos entre uma mamada e um cochilo), e qualquer coisa além disso já era lucro. Para ajudar a passar o tempo eu liguei a televisão no Discovery Home & Health, na esperança de ver alguma coisa leve e descompromissada como "Esquadrão da Moda", "Super Nanny" ou o divertido (por vááááários motivos) "O vestido ideal". Mas aí estava passando o documentário "Half the Sky", que eu sabia que seria SÉRIO e como eu já tinha visto alguns trailers interessantes no canal, decidi assistir...

Que conste nos autos que eu voluntariamente decidi tomar esse soco no estômago, em plena segunda-feira de manhã.

Half the Sky é um documentário americano de 2012, que como o próprio IMDB define, é...
"...um apaixonado chamado às armas, exortando-nos não só para testemunhar a situação das mulheres de todo o mundo, mas para ajudar a transformar a sua opressão em oportunidade. Nosso futuro está nas mãos de mulheres em toda parte."

Para quem tinha passado o final de semana reclamando da vida, de como as coisas estão e de como as coisas são, eu posso dizer que esse é o tipo de choque de realidade muito bem-vindo. Em compensação, acho que eu até desidratei de tanto chorar -- é inacreditável a quantidade de mal e injustiça que existe nesse mundo... E mais inacreditável ainda que nesses mesmos lugares surjam sempre as pessoas incrivelmente fortes capazes de fazer a diferença. E essas pessoas precisam de apoio...

É difícil ver que em algumas partes do mundo -- muitas partes do mundo na verdade -- ser mulher é ser vista como um ser "inferior", sem direitos, tratada como mercadoria. Que mesmos sonhos pequenos lhe são negados, e a sua própria condição de mulher é quase uma garantia de sofrimento, de abusos, de incapacidade de revidar -- tanto porque você passa a acreditar no discurso do agressor, quanto pelo fato de que todo o seu entorno (crenças, leis, cultura e sociedade) colabora para a permanência dessa situação -- e eu não vou mais entrar em detalhes sobre o documentário porque eu realmente gostaria que as pessoas assistissem, e que fossem se chocando/revoltando aos poucos; não gostaria de adiantar nada, nem colocar o meu julgamento de valores aqui.

Terminei de assistir o documentário um pouco chocada, um pouco admirada (com as pessoas que agem diretamente nessas situações), um pouco revoltada (com as feministas de feicibuqui, que acham que não chamar a filha de princesa é o que há em matéria de oferecer "mais" as mulheres)... Mas acima de tudo muito feliz por ter uma realidade muito diferente, ter tido um pai que nunca foi um daqueles pais, ter um marido que nunca seria um daqueles maridos, e ter uma filha que terá muitos mais chances e sonhos realizados do que todas aquelas meninas. Mas mesmo assim, me sentindo um lixo por ser tão "privilegiada" e esquecer isso visceralmente de maneira constante.

Vou compartilhar a playlist do documentário, que está disponível no YouTube a seguir. Realmente vale a pena assistir -- especialmente naqueles dias em que a gente esquece que o nosso "pouco", é na realidade muito, e precisa voltar a ver a realidade como ela é.

Caso a playlist não apareça no RSS, o link está aqui.

sábado, 22 de março de 2014

Estou mudando algumas coisas por aqui...

Estou dividindo bem as funções e os motivos de cada um dos meus blogs, e isso tem levado a algumas adaptações e correções. A primeira, aqui no "PrixLifeBox" é que ele não é um blog de divulgação, mas um blog de expressão... Por conta disso, manter muitas barras laterais, assuntos muito a vistas etc., não é o foco... O foco é escrever e desabafar e, se alguém fica feliz com isso no processo, ótimo -- mas não tenho o objetivo de que todo mundo venha ler por aqui. Por conta disso também, reduzi as postagens vistas logo de cara para apenas uma... O que passou, passou... Se alguém quiser saber do passado, tem a guia de históricos ou pode até ver postagens anteriores... Mas vai ter que ter algum trabalhinho.

Acho que é isso... Em breve voltamos com a nossa programação normal. Fique com Bush e Glycerine!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Oh, the irony...

Em Maio do ano passado, eu queria alguns gatinhos -- minha sogra estava com uma gata em casa que todos acreditavam que estava prenha... Eu já tinha decidido pegar 03 gatinhos, e já tinha escolhido até os nomes.

Como passava o tempo e os gatos não nasciam, todo mundo começou a estranhar... E então veio a notícia: a gata não estava grávida, estava gorda (descobriu-se depois que até castrada ela era).

Já eu na mesma época achava que estava apenas gorda... E estava grávida!

Ah, a ironia!

(vamos ignorar por um momento que eu não estivesse grávida, ainda assim eu estaria gorda, hahaha).

domingo, 9 de março de 2014

"Minha alma, sabe que viver é se entregar..."

Coruja mesmo!
Mas quem mandou ter o bebê
mais lindo do mundo!?
Hoje Lívia fez dois meses de vida. E eu estou meio que apaixonada por essa música, "Meu Sol" do Vanguart... Talvez porque "Além do Horizonte" chame atenção especial dessa linda bebê (vá entender, a cadeirinha dela ao lado do computador fica de costas para a TV -- e a menina não quer saber de mais nada, além de Além do Horizonte... Fica virando a cabeça para ver o que está passando... Coisas da Lili daqui); e talvez também porque seja uma "música de ninar" bem gostosa de cantar.

Ou simplesmente, porque esse verso inicial é "mother fucker beautiful" (mães ainda podem usar uma expressão dessa?).

Não há o que eu pudesse ter feito na vida para ter me preparado para os últimos 02 meses... Ainda escrevo o FAQ da mãe de primeira viagem... Cuja maior descoberta é a mais inútil... Muito antes de engravidar eu queria saber se existe algo em especial ao virar mãe, que faz você começar a postar mensagens açucaradas com design duvidoso em redes sociais; tipo um gene brega ativado pela maternidade. Não tem. O que tem é gente brega que libera geral quando os filhos chegam... Alívio.

Ainda estou na dúvida sobre quem aprende mais nesse período: a mãe ou o filho. Desde que começamos a morar juntos, eu e o Sr. Leite (sim, saber que quando suprimirem a meia dúzia de sobrenomes que demos a nossa filha o seu nome será Lívia Leite me dói o coração... A Menina "Leve Leite"), nunca chegamos a desenvolver uma rotina, ou uma sensação de lar... Aqui em casa sempre foi nosso cafofo, o lugar que a gente ficava junto e dava um jeito quase que regular de ter algo para comer (delivery rules!), algo para vestir, onde dormir e tomar banho... Era isso. Por mais que eu sonhasse com uma casa arrumada e organizada, nunca achei no fundo um grande problema eu ter mais livros, materiais de desenho, roupas, cds, dvds do que humanamente possível ou "habitavelmente" viável. Mas agora a coisa complicou... Ao caos original somou-se berço, comoda, trocador, carrinho, cadeirinha, estoque de fraldas e fórmula ("fuck you, sonho de amamentação" ainda será um post futuro); então eu estou sendo obrigada a repensar tudo... Rotinas de arrumação, alimentação, compras... Antes era algo desejável, agora se tornou algo vital se eu quiser ter mais do que 25 minutos de tempo produtivo num dia... Acredite, 25 minutos já seria uma conquista... Ter alguns minutos para escrever um post como esse (por inútil que seja) é uma vitória... Tem dias que meu "café da manhã" é feito após o meio dia, e banho é uma realização e uma conquista.

O aprendizado dessa mãe tem sido, acima de tudo, deixar as coisas irem embora, abrir mão.

Essa menina linda não teve muita sorte em relação ao timing financeiro e profissional da sua mãe. Na minha atual circunstância, estar em "licença maternidade" seria bom, seria uma segurança, seria poder curtir essa fase em que não há tempo nem rotina sem a preocupação de encaixar um ou outro freela no processo que garanta o mercado no final do mês, o plano de saúde ou o abatimento de uma ou outra dívida... Estou tentando evitar sentimentos pesados, porque, apesar do que uma ou outra pessoa ache (jeito bonito de não dizer que é apenas uma pessoa específica), eu tenho plena consciência que estou no fundo de um buraco que eu mesma cavei... E sei que não adianta ficar se martirizando por conta disso. Leite derramado não volta pra caneca. Mas eu acho que é meio que impossível no momento não criar uma certa ojeriza em relação as pessoas (ou pessoa) que foi até o fundo do poço com você e que agora quer ficar com a exclusividade da água e do balde... Mesmo sem que você distribua culpas por aí (afinal, a culpa é minha e eu a coloco em quem eu quiser como já diria Homer Simpson, rs). É difícil sair de algo que você ajudou a construir/destruir, que lhe consumiu mais do que dinheiro, lhe consumiu tempo, lhe consumiu vida, possibilidades, outros sonhos... E ainda por cima sair com as mãos abanando, ou até menos que isso... E em alguns casos, entregando pérolas aos porcos. Eu sei que é tudo bobagem... Eu sou a primeira a advogar que levem os anéis e deixem os dedos, exatamente por ter convivido a vida inteira com pessoas que não sabem ou souberam quando deixar as coisas pra trás... Nesse aspecto é como viver ao redor de dezenas de violonistas do Titanic mas... Quando é a sua hora de deixar partir, reconheço que é difícil. E saber que você vai ter que recomeçar do nada, do menos que nada, com mais de 30, com uma filha pra criar -- e saber que você vai ter que tirar dela o tempo para isso... Bem, não existe termo melhor... É foda... É mais do que foda... É supercalifragilisticexpialidocious foda!

Sempre quis criar meus bebês quando eu os tivesse. Não tenho planos de colocá-la em "escolhinhas" antes que ela saiba andar, falar, ir ao banheiro e reclamar da "tia" (para mim, com no mínimo 04 anos... Menos que isso é uma violência). Mas na minha visão perfeita, eu faria isso com algum colchão financeiro, com a liberdade de criar um negócio online com tempo, paciência e calma... Não como agora, que não há nenhum tempo para isso. Fiquei com sérias dúvidas se começaria uma nova iniciativa profissional antes ou depois de ela nascer. Optei por depois, para ter uma real ideia do tempo disponível o do que seria possível. Agora que já faz dois meses, eu vejo que por um lado foi acertado (tive períodos que qualquer atividade teria sido inviável) e por outro, triste -- estou profundamente consciente dos meus sem número de limitações atuais, e com sérias dores de cabeça sobre como vencê-las.

Não quero voltar para o mercado de trabalho tradicional. Quero criar minha filha, e tocar um negócio de casa -- por modesto que seja, e que ajude nas despesas de casa. Eu dei 15 anos da minha vida a essa ideia de "carreira e vida profissional" que vendem por aí... Fiz escolhas toscas, tive resultados pífios, cheguei ao fundo do poço financeiro e profissional. Nesse último ano, pensando e repensando a vida, aprendi muito sobre o que fiz de errado e do que não repetir, sobre como fazer as coisas da maneira correta (e pelos motivos corretos)... É uma pena que o FIES da Universidade da Vida tenha juros de cheque especial. O lado positivo (sim, eu ainda consigo ver algum) é que quando você está na barriga da "Fail Whale" como eu estou, as chances de ficar muito pior são quase inexistentes... Então tudo aquilo que você tinha medo de tentar por medo de parar no fundo do poço se torna uma opção... Afinal você já está lá.

Apesar de eu ser mais uma "Gates Girl" do que uma "Jobs Fan", a coisa se resume a mais ou menos isso:
"Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração."
Steve Jobs

Bem, fique com o clipe (que é mais bonito que o oficial) e com a música que embala sonos e sonhos por aqui.