terça-feira, 23 de setembro de 2014

É hora...

"...Understand what I've become,
It wasn't my design..."

Ode to my family, The Cranberries

Acabei de dar um beijo de boa noite na minha filha, e vir para casa... Não, ela não está comigo. Nessa vida de "horários flexíveis", toda hora é hora de trabalhar, fica difícil cuidar dela direito e fazer alguma coisa para ganhar o NAN de cada dia, então ela acaba ficando muito (muito mesmo) na casa da Avó. Eu odeio, eu simplesmente odeio. E fico com raiva, muita raiva -- e toda ela concentrada em mim. Que mulher adulta arquiteta uma situação como a qual eu me encontro?

Tudo resultado de uma fé sem obra: acreditar que tudo iria ficar bem, e não estar me certificando que as coisas corressem bem e que caminhassem para esse objetivo... Quando as coisas ficavam feias, eu sempre acreditei que no final tudo se acertaria. Sabe aquela coisa de "se tudo não está bem é porque ainda não terminou"? Será que foi ingenuidade? Estupidez? Passividade? Não sei a resposta... Mas me sinto como alguém que queria dar uma volta ao mundo pelo oceano e simplesmente pulou na água com uma boia de pato na cintura, assoprando e torcendo pra maré levar para o lado certo e na velocidade necessária.

Estou me esforçando para encontrar o lado positivo das coisas, ver tudo isso como uma oportunidade de mudança, usar as coisas que me deixam descontentes como combustível... Mas está f.o.d.a.! Essa eterna repetição das mesmas situações... O que afinal de contas eu ainda não aprendi para que a "lição" se apresente mais uma vez?

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Irresiliente

Irresiliente. A palavra não existe. Ou talvez comece a existir, se eu repetir algumas vezes. Não gostei dos antônimos tradicionais para resiliência no dicionário: suscetível, vulnerável, frágil... Acho que o dicionário está aplicando um certo julgamento de valor sobre a minha pessoa... Prefiro "irresiliente"... Ou "incapaz de demonstrar resiliência".

Resiliência é uma das palavras da moda... Assim como procrastinação e proatividade também tiveram sua vez um dia. O sucesso não está mais em acabar com a procrastinação -- se você ler esse livro por exemplo; vai ver que pode conviver muito bem com ela -- ou ter uma atitude proativa. O sucesso verdadeiro só pode ser atingido por meio da resiliência, a capacidade de resistir aos obstáculos que essa vida fanfarrona coloca diante de nós. Nessa nova concepção de sucesso, ele só acontece para os fortes. Aguenta aí! Quando não existir mais ninguém; quando não resistir mais ninguém; ficará claro que você é/foi/será um sucesso.

Eu já fiz parte dos que se acreditavam sobreviventes.
Não faço mais.

Mas não sou uma desistente amarga... Não culpo "o bolsa família", não culpo o "tremsalão". Não acho que esse é um país tupiniquim que nada dá certo, não tenho vontade de fugir pra Europa e deixar tudo pra trás! A coisa inteiramente por minha conta... E sou eu quem não dá conta.

Estou com 34, sentindo ter muito mais do que 43... Muito mais do que 68, ou qualquer outra variação que eu possa pensar. Estou naquela fase -- se espera que seja uma fase -- em que você percebe que potenciais não são promessas, que as promessas não serão cumpridas, e tudo que você pensava que seria não será... Não será nem perto.

Eu sinto falta do futuro que nunca será presente.