segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Um estudo sobre a inércia

Sexta-feira eu fiz a minha quinta tentativa na prova de mestrado da ECA. A primeira, alguns anos atrás, eu perdi: cheguei atrasada, não quis arriscar bater a cara na porta. Na segunda -- ou na verdade a primeira -- eu descobri que muitas pessoas chegam atrasadas... E só as covardes ficam com medo de terem as caras batidas na porta. Na terceira, eu faltei... Jogando 150 reais no ralo e amaldiçoando o trabalho que sempre leva o melhor da minha vida. Na quarta, eu fui... Grávida, devagar e com vontade de fazer xixi de 15 em 15 minutos. Nesse ano eu fui pela quinta e última vez... Pelo menos por enquanto.

O que eu aprendi nesses últimos 5 anos de provas e tentativas? Muito sobre a inércia. Nada como uma atividade regular anual para fazer você avaliar o que  mudou de um ano para o outro. Enquanto eu me debato, mais uma vez, com os mesmos assuntos: uma incapacidade de separar os esforços de trabalho do resto da vida, minhas eternas juras que da próxima vez será diferente... Tudo morrendo afogado pelo meu eterno otimismo de quem tirou o vestibular de letra e se recusa a acreditar que outras atividades requeiram outras práticas. O Brasil ainda vai aprender a se livrar do seu "jeitinho" antes que eu aprenda o valor da disciplina a ponto de colocá-la pra valer na minha vida.

Desanimei. Tanto, que impactou o que eu deveria estar produzindo nesse final de semana... Resolvi me entregar ao descanso e voltar a minha força tarefa -- a minha vida parece ser uma sequência interminável de forças tarefas -- nos dias "úteis" (acho que já faz um tempo que eu não posso chamar meus dias de úteis). Cinco anos é tempo demais para você não poder notar mudanças positivas na sua vida... Ou mudanças de qualquer forma.

Talvez se eu tivesse tido resultados extremamente negativos todas as vezes, eu já teria me corrigido mas, saber que eu nunca estudo para essa prova e sempre passo para a fase seguinte (tirando esse ano, pra tudo tem um limite) me dá uma confiança destruidora que torna sempre difícil investir tempo em preparação - o que sempre aniquila com as chances na fase seguinte já que eu vou para a segunda fase com um projeto que parece ter sido escrito em um dia (e que de fato foi escrito em 03 horas, rs).

Agora eu lhe pergunto: de que adianta tanto autoconhecimento se eu não sou capaz de agir na melhor na próxima vez, ou me corrigir de qualquer forma?