Hoje eu voltei a ser mãe em tempo integral... Não andava assim... E estava difícil para todo mundo: para minha bebê que não tinha muita rotina nem passava muito tempo em casa, para meu marido que estava morrendo de saudade de não ver a filha durante toda semana útil, para a minha mãe que está toda dolorida e debilitada e ainda estava se forçando além da conta, para mim que ficava dividida entre as minhas responsabilidades maternais e profissionais -- agora eu não fico mais dividida, estou fu* por inteiro.
Estou fu* porque a disponibilidade de fazer mais do que as tradicionais 02 a 03 (com sorte) horas por dia acabaram -- o trabalho que deveria estar pronto não. E eu estou tão atordoada com tudo que falta que eu não consigo nem estimar o tamanho do atraso ou quando vou colocá-lo em dia -- eu sei que vai terminar tudo até o final de outubro, mais do que isso não sei.
(Também não sei porque a música a seguir está na cabeça, mas está!)
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Um estudo sobre a inércia
Sexta-feira eu fiz a minha quinta tentativa na prova de mestrado da ECA.
A primeira, alguns anos atrás, eu perdi: cheguei atrasada, não quis
arriscar bater a cara na porta. Na segunda -- ou na verdade a primeira --
eu descobri que muitas pessoas chegam atrasadas... E só as covardes
ficam com medo de terem as caras batidas na porta. Na terceira, eu
faltei... Jogando 150 reais no ralo e amaldiçoando o trabalho que sempre
leva o melhor da minha vida. Na quarta, eu fui... Grávida, devagar e
com vontade de fazer xixi de 15 em 15 minutos. Nesse ano eu fui pela
quinta e última vez... Pelo menos por enquanto.
O que eu aprendi nesses últimos 5 anos de provas e tentativas? Muito sobre a inércia. Nada como uma atividade regular anual para fazer você avaliar o que mudou de um ano para o outro. Enquanto eu me debato, mais uma vez, com os mesmos assuntos: uma incapacidade de separar os esforços de trabalho do resto da vida, minhas eternas juras que da próxima vez será diferente... Tudo morrendo afogado pelo meu eterno otimismo de quem tirou o vestibular de letra e se recusa a acreditar que outras atividades requeiram outras práticas. O Brasil ainda vai aprender a se livrar do seu "jeitinho" antes que eu aprenda o valor da disciplina a ponto de colocá-la pra valer na minha vida.
Desanimei. Tanto, que impactou o que eu deveria estar produzindo nesse final de semana... Resolvi me entregar ao descanso e voltar a minha força tarefa -- a minha vida parece ser uma sequência interminável de forças tarefas -- nos dias "úteis" (acho que já faz um tempo que eu não posso chamar meus dias de úteis). Cinco anos é tempo demais para você não poder notar mudanças positivas na sua vida... Ou mudanças de qualquer forma.
Talvez se eu tivesse tido resultados extremamente negativos todas as vezes, eu já teria me corrigido mas, saber que eu nunca estudo para essa prova e sempre passo para a fase seguinte (tirando esse ano, pra tudo tem um limite) me dá uma confiança destruidora que torna sempre difícil investir tempo em preparação - o que sempre aniquila com as chances na fase seguinte já que eu vou para a segunda fase com um projeto que parece ter sido escrito em um dia (e que de fato foi escrito em 03 horas, rs).
Agora eu lhe pergunto: de que adianta tanto autoconhecimento se eu não sou capaz de agir na melhor na próxima vez, ou me corrigir de qualquer forma?
O que eu aprendi nesses últimos 5 anos de provas e tentativas? Muito sobre a inércia. Nada como uma atividade regular anual para fazer você avaliar o que mudou de um ano para o outro. Enquanto eu me debato, mais uma vez, com os mesmos assuntos: uma incapacidade de separar os esforços de trabalho do resto da vida, minhas eternas juras que da próxima vez será diferente... Tudo morrendo afogado pelo meu eterno otimismo de quem tirou o vestibular de letra e se recusa a acreditar que outras atividades requeiram outras práticas. O Brasil ainda vai aprender a se livrar do seu "jeitinho" antes que eu aprenda o valor da disciplina a ponto de colocá-la pra valer na minha vida.
Desanimei. Tanto, que impactou o que eu deveria estar produzindo nesse final de semana... Resolvi me entregar ao descanso e voltar a minha força tarefa -- a minha vida parece ser uma sequência interminável de forças tarefas -- nos dias "úteis" (acho que já faz um tempo que eu não posso chamar meus dias de úteis). Cinco anos é tempo demais para você não poder notar mudanças positivas na sua vida... Ou mudanças de qualquer forma.
Talvez se eu tivesse tido resultados extremamente negativos todas as vezes, eu já teria me corrigido mas, saber que eu nunca estudo para essa prova e sempre passo para a fase seguinte (tirando esse ano, pra tudo tem um limite) me dá uma confiança destruidora que torna sempre difícil investir tempo em preparação - o que sempre aniquila com as chances na fase seguinte já que eu vou para a segunda fase com um projeto que parece ter sido escrito em um dia (e que de fato foi escrito em 03 horas, rs).
Agora eu lhe pergunto: de que adianta tanto autoconhecimento se eu não sou capaz de agir na melhor na próxima vez, ou me corrigir de qualquer forma?
Is just a memory...
Oh the boy's a slag
The best you ever had
The best you ever had
Is just a memory and those dreams
Not as daft as they seem
Not as daft as they seemed
My love when you dream them up
Read more: Arctic Monkeys - Fluorescent Adolescent
The best you ever had
The best you ever had
Is just a memory and those dreams
Not as daft as they seem
Not as daft as they seemed
My love when you dream them up
Read more: Arctic Monkeys - Fluorescent Adolescent
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Limites e o poder libertador do fundo do poço.
Sempre fui uma pessoa que perde o amigo, mas não perde a piada. Não ando mais assim... Não arrisco os amigos, nem acho graça na maioria das piadas. Estou muito chata... E até eu estou perdendo a paciência comigo e toda a minha melancolia. No último texto eu falava de equilíbrio e, fiquei pensando que talvez a minha falta de equilíbrio tenha muito a ver com minha atual incapacidade de estabelecer limites. Ou melhor: minha incapacidade de delimitar espaços, o quanto cada coisa pode tomar da minha vida e, o quanto eu posso ou consigo me comprometer com cada coisa. Eu ando ES.GO.TA.DA... Não é por acordar de noite para dar mamadeira de 03 em 03 horas (ou 02 em 02, como na maioria das madrugadas), nem é por estar pegando projetos que requerem que eu ignore minha nova condição social de mãe... Mas porque eu ainda não parei para ter uma conversa franca comigo mesma e dizer o que eu realmente posso fazer a respeito de cada coisa que toma conta da minha cabeça. Meus problemas não são novos, nem minha maneira frustrada de tentar resolvê-los.
Estou perdendo a oportunidade de aproveitar o poder libertador do fundo do poço. Já falei disso por aqui algumas vezes, mas é um tema que nunca se esgota. Quando você está no fundo do poço, duas coisas devem ficar claras:
Por que quando a gente se encolhe, e está com uma visão tão miserável da vida, acha que a melhor alternativa é se encolher um pouco mais, engolir uns sapos e seguir em frente, em uma visão ainda mais miserável do que aquela em se encontra? Por que a gente não aproveita pra criar um caminho mais condizente com aquilo que acredita e que quer para si? Não precisa ser "vender coco na praia", pode ser algo levemente mais "sensato". Por que a gente deixa pra lá outros planos mais suaves que parecem mais felizes? Talvez porque a gente queira se punir pela situação. Talvez porque a gente não acredite que mereça mais. Ou simplesmente porque a gente ache que essas coisas sonhadas podem não dar certo... Mas a verdadeira questão é: a coisa toda já não deu certo -- então seria tão crítico assim adotar algo que melhoraria a situação de maneira incremental, mas melhoraria a alma de maneira exponencial?
Questões para 2015.
Estou perdendo a oportunidade de aproveitar o poder libertador do fundo do poço. Já falei disso por aqui algumas vezes, mas é um tema que nunca se esgota. Quando você está no fundo do poço, duas coisas devem ficar claras:
- Você deve parar de cavar.
- Você não vai sair daí num passe de mágica.
Por que quando a gente se encolhe, e está com uma visão tão miserável da vida, acha que a melhor alternativa é se encolher um pouco mais, engolir uns sapos e seguir em frente, em uma visão ainda mais miserável do que aquela em se encontra? Por que a gente não aproveita pra criar um caminho mais condizente com aquilo que acredita e que quer para si? Não precisa ser "vender coco na praia", pode ser algo levemente mais "sensato". Por que a gente deixa pra lá outros planos mais suaves que parecem mais felizes? Talvez porque a gente queira se punir pela situação. Talvez porque a gente não acredite que mereça mais. Ou simplesmente porque a gente ache que essas coisas sonhadas podem não dar certo... Mas a verdadeira questão é: a coisa toda já não deu certo -- então seria tão crítico assim adotar algo que melhoraria a situação de maneira incremental, mas melhoraria a alma de maneira exponencial?
Questões para 2015.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Equilíbrio.
Equilíbrio. Taí uma coisa que eu nunca aprendi direito, e estou precisando fazer um intensivão. Posso nomear a área que for da vida, e o melhor resumo é que as coisas estão desequilibradas; necessitando urgentemente que eu ofereça alguma média saudável: finanças, saúde, organização, relacionamentos... Especialmente relacionamentos. Eu poderia dizer que não tem nada há ver com a maternidade... Mas tem tudo há ver. Que pessoa eu quero e posso ser, impacta diretamente em como eu vou criar a minha filha. Eu sei, por exemplo, que estou pagando por grandes escolhas erradas dos últimos anos -- ou melhor, eu sei que não estou pagando nada por conta das escolhas erradas dos últimos anos mas... Uma hora a pessoa tem que falar: "Parou por aqui pqp!".
Tem que parar, porque eu estou fazendo tudo errado de novo... E novamente. Está muito difícil para eu trabalhar, por exemplo. Não só porque eu tenho obrigações maternas, de dona de casa, de esposa, de aspirante a mestranda disputando atenção mas porque eu odeio meu trabalho. Eu odeio porque não acho que é o que eu deveria estar fazendo da minha vida, eu odeio porque já estou trabalhando com isso há 12 anos (e realmente deu no saco), eu odeio porque eu não gosto de como os relacionamentos e demandas se estabelecem nesse negócio, e eu odeio principalmente porque as contas não fecham -- e eu sei que, as contas não fecham simplesmente porque eu o odeio (não é o contrário). "Você nunca consegue o suficiente daquilo que você não precisa para torná-lo feliz.", como já diria Eric Hoffer.
Mais da metade da minha força é gasta para começar a trabalhar todo dia... E meu coração não está nele. Meu coração está no sorriso da Lívia, nos livros que eu quero ler e não tenho tempo, nos materiais de desenho que eu quero usar e não uso, nas vezes que encontro um ilustrador legal para postar na página do Facebook do SketchBlock. Eu sei que tudo isso é muito bonito mas que não paga as contas... E que por mais que eu queira ignorar, eu sou mãe, tenho muitas contas para pagar e ninguém tem nada há ver com a minha insatisfação.
O problema é que não há equilíbrio, e eu não posso ignorar mais que tudo o que eu faço já deu todas as pistas que não está dando certo. Eu não estou engolindo o sapo do que não gosto e garantindo o leitinho das crianças... Eu estou engolindo o sapo meio que pela metade, sendo mãe meio que pela metade, sendo dona de casa meio que pela metade (meio que pela metade de 1/3 da metade na verdade) e assim por diante. Não está dando certo! Eu não tenho mais poder pessoal, emocional ou intelectual suficiente para nada. Ninguém está levando mais 100% de mim -- nem eu! Seja onde for que eu esteja, eu não estou lá.
Estou em overdrive, tendo que entender como consertar o avião com ele voando. Tudo que eu queria era pousar o avião, olhar direito para ele e consertá-lo parte a parte... Ou mesmo ter tempo e energia suficiente para decidir se eu deveria estar consertando esse avião -- ou simplesmente assumindo que eu deveria é viajar de jegue, bicicleta ou jardineira.
São tantas as besteiras que a gente faz dando a desculpa de estar fazendo a escolha mais sensata.
Tem que parar, porque eu estou fazendo tudo errado de novo... E novamente. Está muito difícil para eu trabalhar, por exemplo. Não só porque eu tenho obrigações maternas, de dona de casa, de esposa, de aspirante a mestranda disputando atenção mas porque eu odeio meu trabalho. Eu odeio porque não acho que é o que eu deveria estar fazendo da minha vida, eu odeio porque já estou trabalhando com isso há 12 anos (e realmente deu no saco), eu odeio porque eu não gosto de como os relacionamentos e demandas se estabelecem nesse negócio, e eu odeio principalmente porque as contas não fecham -- e eu sei que, as contas não fecham simplesmente porque eu o odeio (não é o contrário). "Você nunca consegue o suficiente daquilo que você não precisa para torná-lo feliz.", como já diria Eric Hoffer.
Mais da metade da minha força é gasta para começar a trabalhar todo dia... E meu coração não está nele. Meu coração está no sorriso da Lívia, nos livros que eu quero ler e não tenho tempo, nos materiais de desenho que eu quero usar e não uso, nas vezes que encontro um ilustrador legal para postar na página do Facebook do SketchBlock. Eu sei que tudo isso é muito bonito mas que não paga as contas... E que por mais que eu queira ignorar, eu sou mãe, tenho muitas contas para pagar e ninguém tem nada há ver com a minha insatisfação.
O problema é que não há equilíbrio, e eu não posso ignorar mais que tudo o que eu faço já deu todas as pistas que não está dando certo. Eu não estou engolindo o sapo do que não gosto e garantindo o leitinho das crianças... Eu estou engolindo o sapo meio que pela metade, sendo mãe meio que pela metade, sendo dona de casa meio que pela metade (meio que pela metade de 1/3 da metade na verdade) e assim por diante. Não está dando certo! Eu não tenho mais poder pessoal, emocional ou intelectual suficiente para nada. Ninguém está levando mais 100% de mim -- nem eu! Seja onde for que eu esteja, eu não estou lá.
Estou em overdrive, tendo que entender como consertar o avião com ele voando. Tudo que eu queria era pousar o avião, olhar direito para ele e consertá-lo parte a parte... Ou mesmo ter tempo e energia suficiente para decidir se eu deveria estar consertando esse avião -- ou simplesmente assumindo que eu deveria é viajar de jegue, bicicleta ou jardineira.
São tantas as besteiras que a gente faz dando a desculpa de estar fazendo a escolha mais sensata.
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