Há anos eu tenho arranhado a superfície do porquê, há muito tempo atrás, eu achei o filme "8 Mile" do Eminem tão significativo, quando ele passou como tão irrelevante para público e crítica. Foi preciso que muita água passasse por baixo dessa ponte sobre a qual eu caminho para que eu pudesse agarrar esse conceito tão etéreo que me escapava. Bem, acabado os clichês linguísticos, vamos aos fatos...
Existe uma padrão tradicional para os filmes "do nada até a fama" -- e, bem simples, ele é: o protagonista tem que ir do nada a fama, rs. É nesse ponto que o filme frustra boa parte da audiência -- ele não é uma narrativa sobre como alguém atinge o sucesso mas, como alguém desiste dele. No começo, temos um protagonista com o sonho de ser um grande rapper, participando de batalhas entre rappers. A pressão, toma conta dele, ele passa mal e vira piada. Enquanto isso, enquanto ele espera o sucesso que lhe é "certo", ele vive de maneira desregrada, ignora as atividades cotidianas que lhe garantem o sustento, ao mesmo tempo que recrimina a mãe que, ao invés de centrar seus esforços em algo mais sólido, investe em homens inúteis e cartelas de bingo, esperando o próximo momento de sorte.
A parte central do filme se concentra toda nas bobagens e atitudes desesperadas que as pessoas fazem para chegar a esse sucesso -- e vemos cada vez mais um protagonista que se decepciona com as pessoas ao redor: amigos, potencial namorada etc., até o ponto em que começa a se perguntar de que vale tudo aquilo. Em uma cena que para mim é fundamental no filme, ao chegar ao trabalho que ele vinha negligenciando, ele pergunta a uma amigo no meio de um momento de clareza "when people stop living up here [fazendo um gesto sobre a cabeça, como se referindo ao mundo dos sonhos] and start to live here? [fazendo um gesto no nível deles, como que dizendo na realidade].
A partir desse momento, a partir do momento em que ele se conscientiza que talvez o sucesso que ele procura não seja certo, ou pelo menos não esteja na próxima esquina, ele começa a se dedicar mais às atividades que estava negligenciando, principalmente o trabalho, e as coisas começam a melhorar: não um sucesso musical automático, mas uma vida mais centrada, mais recompensante, mais sólida... E então ele consegue voltar a batalha dos rappers e se sair bem -- não por uma mágica karmica de quem agora fez por merecer mas, por uma questão básica: agora ele pode encarar tudo aquilo com a leveza de quem não depende daquilo para sobreviver.
O filme não termina como uma mensagem "garotos pobres, não tentem o estrelato" -- até porque ele não dá a entender se ele desiste mesmo -- mas com uma leve mensagem de esperança: a mãe dele, que já vinha sendo impactada pela mudança de comportamento dele também começa a se valorizar um pouco mais -- e acaba ganhando em um dos bingos que participa; só pra finalizar dizendo que as vezes a sorte tem mesmo o seu papel.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
terça-feira, 11 de novembro de 2014
O que está perdido nunca pode ser salvo
Sinto que hoje é um daqueles dias que eu deveria escrever... Escrever ou simplesmente socar um saco de areia -- como não tenho um saco de areia, e se o tivesse é provável que depois do soco ele explodisse em casa e eu ainda teria mais uma coisa para limpar, não... Eu não vou socar um saco de areia. Então resta escrever... É mais barato, mais prático, faz menos sujeira -- o problema é: escrever o quê?
Estou cansada. Tão cansada que, a minha primeira opção seria dizer que estou enraivecida mas... Não é verdade. Até que eu deveria estar enraivecida mas, a verdade é que eu não tenho forças para me enervar na medida correta, então resta dizer que estou cansada. Nas minhas leituras recentes, caiu nas minhas mãos um artigo que falava sobre as 05 coisas que você não deveria gastar tempo publicando em blogs e redes sociais; e estar cansado era uma delas (assim como dizer que está sobrecarregado, trabalhando demais, deprimido e coisas do tipo). É lógico que eu não achei um bom conselho -- se eu fosse adotá-lo, seria melhor fechar todas as contas e apagar os últimos 17 anos de internet.
Mas talvez uma definição melhor para o momento seria que "eu me sinto aprisionada". Sei que somos vítimas, de uma forma ou outra, das nossas escolhas -- mas os filmes americanos mentiram para mim: nessas situações, eu sempre espero aquele momento de "Basta!" no qual você vai ficarputinha resoluta, e começar a agir com outra atitude e dar uma virada em todas as coisas... Não funciona assim. Eu tenho plena consciência das más decisões que tomei, eu só não faço a mínima ideia de como começar a corrigi-las, pra onde correr, o que fazer... Nem sei se é possível, eu não vejo espaço físico e temporal para manobra. Só sei que eu estou... Cansada. Não quero fazer papel de vítima mas... Estou cansada de sentir desvalorizada em todos aspectos e ter que ficar implorando o que me é de direito em diversas situações e esferas. Essa lenda de que, você vai fazendo o seu e uma hora as coisas se equilibram e a vida se equilibra... Bem, está difícil de engolir.
A rotina.
Eu acordo um pouco antes das 06 da manhã, e pego no batente de mãe... Ele se encerra quando a Lívia dorme, quase às 21:00... E nessas horinhas que restam até a meia noite, eu alimentava a ilusão de ler, escrever, tocar a minha empresinha virtual (produzindo meus produtinhos digitais) mas... No exato momento em que eu finalmente a coloco no berço capotada, eu olho para os lados e... Caos! Hora de juntar os brinquedos, fazer a cama, lavar a louça, tomar um banho, comer algumas coisa... E nessa, estou exausta. Não tenho forças pra ficar putinha/resoluta e mostrar a que vim... Eu vim foi pra, com sorte, dormir antes da meia noite (ela vai acordar às 00:30 pra mamar) e sonhar com, se possível, uma noite em que eu não tenha que acordar de hora em hora até as seis.
Estou cansada. Tão cansada que, a minha primeira opção seria dizer que estou enraivecida mas... Não é verdade. Até que eu deveria estar enraivecida mas, a verdade é que eu não tenho forças para me enervar na medida correta, então resta dizer que estou cansada. Nas minhas leituras recentes, caiu nas minhas mãos um artigo que falava sobre as 05 coisas que você não deveria gastar tempo publicando em blogs e redes sociais; e estar cansado era uma delas (assim como dizer que está sobrecarregado, trabalhando demais, deprimido e coisas do tipo). É lógico que eu não achei um bom conselho -- se eu fosse adotá-lo, seria melhor fechar todas as contas e apagar os últimos 17 anos de internet.
Mas talvez uma definição melhor para o momento seria que "eu me sinto aprisionada". Sei que somos vítimas, de uma forma ou outra, das nossas escolhas -- mas os filmes americanos mentiram para mim: nessas situações, eu sempre espero aquele momento de "Basta!" no qual você vai ficar
A rotina.
Eu acordo um pouco antes das 06 da manhã, e pego no batente de mãe... Ele se encerra quando a Lívia dorme, quase às 21:00... E nessas horinhas que restam até a meia noite, eu alimentava a ilusão de ler, escrever, tocar a minha empresinha virtual (produzindo meus produtinhos digitais) mas... No exato momento em que eu finalmente a coloco no berço capotada, eu olho para os lados e... Caos! Hora de juntar os brinquedos, fazer a cama, lavar a louça, tomar um banho, comer algumas coisa... E nessa, estou exausta. Não tenho forças pra ficar putinha/resoluta e mostrar a que vim... Eu vim foi pra, com sorte, dormir antes da meia noite (ela vai acordar às 00:30 pra mamar) e sonhar com, se possível, uma noite em que eu não tenha que acordar de hora em hora até as seis.
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Da série: versões melhores do que a original.
No episódio de hoje: Fera Ferida (Roberto e Erasmo), na voz de Maria Bethânia.
É claro que tem um motivo...
Mas como o motivo é velho e, é vergonhoso ainda estar remoendo o dito...
Fiquemos apenas com a música e, em breve com a nossa programação normal.
Som na caixa!
É claro que tem um motivo...
Mas como o motivo é velho e, é vergonhoso ainda estar remoendo o dito...
Fiquemos apenas com a música e, em breve com a nossa programação normal.
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