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Estranha Natureza

Who am I?
Valezki
From: http://www.flickr.com/photos/valezki/5881304494/

Sempre me lembro de uma cena de "Noiva em Fuga" quando, depois de fugir de seu último casamento, a personagem da Julia Roberts decide parar para investigar quem ela realmente é... Inclusive testando uma dezena de formas de preparação de ovos, para descobrir qual a sua favorita -- porque até o momento, cada noivo achava que sua opção favorita era a mesma que a dele; ela nunca contrariava ou fazia sua vontade valer, chegando a um ponto que nem ela sabia mais o que gostava ou não gostava, o que queria ou não queria.

Salvo algumas diferenças, acho que o meu problema no momento é semelhante -- mas preciso ser mais diligente com ele. Há 03 meses não estou envolvida em nenhuma atividade regular de trabalho -- sai de férias num rompante "Aé? Então foda-se!" abençoado, fui para França (que chique pensar os problemas em meio a Croissants, rs) esperando algum tipo de iluminação sobre o que fazer da vida. É lógico que nada veio dessa forma -- nada nunca vem dessa forma -- e desde então tenho me questionado: "Quem sou eu, e o que vou fazer da vida?".

O momento não poderia ser menos propício (mas também, os momentos dificilmente são). Ficar 03 meses só com freelinhas despretensiosos pode derrubar completamente um sistema financeiro já falido mas... Pensando bem, não existiria momento propício tão cedo. E o tempo agora é definitivo: acabei de fazer 33 anos, já não sou nenhuma garota a despeito da idade mental e comecei a pensar: "Onde diabos estava com a cabeça levando a vida com a barriga desse jeito, até essa idade, sabendo que eu tenho todos os sonhos de consumo e de vida básicos 'pequeno-burguês' que me são de direito -- filhos, casa, carro etc.?". Bem, eu estava financiando com meu tempo e minha ausência de realização os sonhos "pequeno-burguês" alheios... Isso não é culpa dos alheios mas... Pra mim já deu.

A grande questão é: eu não sei o que fazer!

Não é uma questão de "eu sempre tive um sonho de ser jogadora do Harlem Globetrotters e agora que tenho a chance não sei se vai dar certo ou tenho medo de perseguir esse sonho"... Eu fiquei tanto tempo levando a vida profissional com a barriga, que eu não sei se tenho sonhos. Coisas que sempre pareceram muito certas (desenhar, escrever) se tornaram uma névoa de impossibilidades de concretização, e muito abstratas para serem colocadas em prática. Se um gênio da lampada aparecesse por aqui hoje e me desse o direito de escolher qualquer trabalho na terra com um salário milionário, eu teria que pedir para passar. Tudo o que sei é que eu NÃO QUERO um trabalho "corporativo"... E talvez isso já seja alguma coisa.

"A leopard cannot change its spots" -- essa estranha natureza.

As coisas ficaram tão críticas que eu me esqueci de mim. De vez em quando vejo alguma notícia sobre colegas de faculdade e seus trabalhos e me lembro: "Ah é... Você também fez publicidade e poderia estar trabalhando com comunicação... Você costumava gostar disso, se lembra?" -- como se tudo isso tivesse acontecido há décadas atrás ou até em outra vida.

No momento, na ausência de um sentimento interior que me tome e diga "é isso!", estou tentando investir na redescoberta da minha natureza -- coisas que eu gostava de fazer, do jeito que gostava de fazer. Achei engraçado a quantidade de referências em livros e vídeos sobre coaching falando que "aquilo que você faz aos dez anos para se divertir diz muito", mas infelizmente quando eu tinha 10 anos ainda não havia internet, então acho que isso limita um pouco as coisas, rs. Na verdade, eu que sempre lembro de tudo, não consigo me lembrar o que eu fazia para me divertir aos dez anos.

Talvez a coisa seja um pouco mais complicada do que parece e eu já não saiba há um bom tempo o que me move, o que me alegra, o que me diverte e o que me ilumina -- complicado tudo isso agora, com os credores batendo na porta.



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