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Rotina, Eu Te Amo!!

Questionamento constante: por que eu tenho a impressão que conseguia produzir muito mais na vida durante a adolescência/início da idade adulta do que, digamos, nos últimos 10 anos!? Uma análise rápida e superficial diria: Obrigações. Uma análise mais profunda e precisa: Rotinas.

Eu sei, eu sei: A palavra “rotina” tem uma má reputação. O “cair na rotina” se tornou praticamente sinônimo de uma morte lenta e dolorida para qualquer atividade ou relacionamento. Se você adicionar palavras com disciplina, ou hábitos então… Tem gente que irá arrancar os cabelos pensando que quero formar algum tipo de culto autoritário.

Para ouvidos “criativos”, “livres” ou “rebeldes”, mencionar o combo: rotina-disciplina-hábitos é quase como meter uma estaca no meio do peito e pedir que respirem… No entanto, com raras exceções, estou cada vez mais convencida de que não existe real criatividade, liberdade ou rebeldia fora desse pacote. O que a maior parte das pessoas chama de criatividade e liberdade, sem estabelecer hábitos e rotinas com disciplina, são apenas espasmos da vontade, bem sucedidos algumas vezes, ineficientes na maioria, mas que não fazem a pessoa avançar nem meio centímetro além da sua zona de conforto. É o princípio de uma vida pequena, onde o provável começa a se tornar sinônimo de tudo o que é possível, e simplesmente não se vai além do que os ânimos do dia nos impelem a fazer. É aquele sentar na calçada na vida e ficar esperando a inspiração chegar… Vamos ser claros. Ela não chega.

Mel Robbins on Why Motivation Is Garbage | Impact Theory

https://youtu.be/LCHPSo79rB4


Há algum tempo, por conta do meu interesse em organização das tarefas de casa, eu encontrei o blog “A Slob Comes Clean” - depois de ler o livro “How to Manage Your Home Without Losing Your Mind” e rolar uma identificação completa que me fez correr para podcast e todo resto. O encontro do blog e do podcast foi muito útil, pois eu consegui me identificar com um ítem muito especial, algo que a autora chama de maneira divertida de TPAD - Time Passage Awareness Disorder (algo como "Transtorno de conscientização da passagem do tempo"). Segundo ela, se ela não colocar alguma forma de controle como um alarme, um checklist de atividades etc., ela pode perder muito tempo em alguma coisa improdutiva ou perder a noção de que faz muito tempo que ela não realiza uma determinada ação.

Bingo! Achei aí parte do meu problema — e ainda tenho uma consulta de dentista desmarcada no final de novembro e ainda não remarcada, porque parece que foi ontem que isso aconteceu, para comprovar. Quando eu era mais nova, existiam uma série de sistemas em funcionamento que garantiam minha produtividade. Se eu não tinha smartphones com alarme, eu tinha Pai e Mãe pentelhando por atividades específicas. Eu tinha horário de escola, datas de provas e trabalhos, pessoas para responder (especialmente grupos se as coisas não fossem feitas), depois trabalho fora de casa, com horários e análises de desempenho etc.


As coisas começaram a sair do controle mesmo quando na Escola/Faculdade eu passei a ter que responder sobre o meu desempenho apenas para mim mesma, depois virei sócia de empresa (cadê o chefe?), mudei com meu namorado (e me tornei responsável pela minha própria rotina), depois comecei a trabalhar em casa, tive filha… Ou seja, rotinas, hábitos e disciplinas continuavam fundamentais mas agora eu era responsável tanto por estabelece-las quanto por executá-las… Basicamente, deram a chave da cadeia para o bandido.


Durante muito tempo eu resisti a estipular rotinas mais fixas… Resisti por tanto tempo, que o “CHAOS” (a “Can’t Have Anyone Over Syndrome” do método FLY Lady) se estabeleceu na vida doméstica, se estabeleceu na vida profissional e nem vou entrar em detalhes sobre a vida parental. E é difícil gente, é muito difícil constatar isso e assumir que você não vai mudar sua forma de operar na noite para um dia, com o balançar de uma varinha mágica… Que vai ter que adotar pequenos passos, diariamente, regularmente, dia após dia (percebeu o reforço?) até que qualquer melhora possa ser sentida de maneira real.


Atualmente eu começo a ver uma luzinha lá no final, do final, do final do túnel — espero que não seja um trem vindo em minha direção. A primeira mudança prática que eu fiz foi dividir o dia em suas principais áreas de atuação (Casa, Trabalho, Família e Pessoal). Já sabendo que eu gosto de alguma liberdade nas minha rotinas (caso contrário eu jogo contra mim, transformo as rotinas na figura de autoridade que eu tenho que combater), eu criei “Faixas de Horário”:

  • Das 06:00 até as 08:00 é meu horário pessoal. Nessa faixa de horário  eu posso fazer toda aquela rotina matinal dos sonhos (meditar, ler, escrever, desenhar, fazer exercícios) ou simplesmente me render a preguiça e dormir até mais tarde (mas pelo menos já sabendo de antemão do que eu abri mão no dia.
  • Das 08:00 até 14:00 é o horário de casa e da família. Rotinas da filha, de coisas pro marido, fazer comida, arrumar o que eu for arrumar (mesmo que não seja muito), supermercado, padaria, compras etc. O que deve ser feito para manutenção do dia a dia é feito nesse horário… Ou fica para o dia seguinte. 
  • Das 14:00 às 19:00 é o horário de trabalho. Estou lutando com a ideia de que eu devo ser mais produtiva em menos horas, então meu ideal ainda é reduzir o trabalho para 04 horas diárias, especialmente porque eu trabalho 6 dias por semana agora que o marido trabalha em escala e só tem um dia de folga por semana em casa. Se for pra trabalhar oito horas diárias por dia como trabalhar fora, melhor trabalhar fora com uma série de outros benefícios.
  • Das 19:00 até as 24:00 é um mix. Se tudo correu bem nas demais faixas, nesse horário eu me dedico exclusivamente para as rotinas noturnas da Lívia. Se deu errado, eu encaixo tudo o que foi possível aí… Embora o meu foco, no futuro seja mesmo focar na filha e encerrar meu dia bem (ler, assistir uma série etc.
Apenas esclarecer essas distinções e tentar respeitá-las já foi suficiente para algumas melhorias — nem que seja apenas a melhoria de parar de reclamar comigo por não ser capaz de tentar fazer caber São Paulo em Sorocaba (como diria minha Avó).  O próximo passo, que está parecendo fundamental para mim, é estabelecer alguns checklists de coisas básicas que precisam ser feitas em cada horário.

Falo em manter algum controle desse tipo:

@boho.berry
Talvez não necessariamente tão colorido, nem bonito — pq acho que seria difícil de manter, mas algo que torne visível a frequência e as atividades realizadas. Espero continuar caminhando nesse sentido.

Livros Sobre Rotinas e Hábitos que li, amo e recomendo:

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