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Tinha um pincel no meio do caminho...

A vida tem andado caótica interessante. Ser mãe deve ser um desses gatilhos automáticos de Síndrome de Estocolmo, e você fica completamente apaixonada pelo seu opressor... No meu caso, opressora manhosa e tirana, com lindos caracóis em seus cabelos... (Plágio inevitável, rs). Só isso explica porque somos capazes de enumerar uma lista de uns 100 itens com "coisas que estão muito pior na minha vida agora", e mesmo assim não trocar essa lista por nada. Eu diria que "Freud explica", mas provavelmente como o assunto é maternidade, talvez não da melhor e mais correta maneira, rs.

Continuo com a minha distopia de colocar um negócio online, direto do meu home office -- distopia porque colocar um negócio em pé já não é fácil... Combinando com o papel de esposa, mãe e dona de casa (o termo: "mulher que fica em casa e não consegue lavar uma louça" seria melhor), fica quase impossível. Tenho focado na definição do meu modelo de negócio, tentando evitar a todo custo que a prestação de serviços freelancers permaneça nele... Experiências recentes me fizeram relembrar que eu não tenho mais idade, paciência e disposição para aceitar esses trabalhos que "como era pra ontem, eu te procurei hoje, pra entregar amanhã"; e que depois você irá receber algumas eras no futuro em data incerta.

Nesse processo eu venho "sentindo coisas". Eu comecei muito certa de que eu iria colocar a minha editora para funcionar, focar na produção de conteúdo, conteúdo, conteúdo (garantindo pequenos lucros individuais e ganhando no volume). E aí, meio que o blog de "lazer" atropelou as coisas... Primeiro porque eu montei uma lojinha no Mercado Livre no meio tempo, pra vender o excesso de coisas de desenho e pintura que tem por aqui e... Gostei da experiência. Os materiais de desenho e pintura tem boa margem, boa saída etc. Não fosse o dólar, eu estaria investindo exclusivamente na compra e venda de material artístico pela internet. A segunda coisa foi a questão de conteúdo mesmo... A minha voz tem muito mais sentido no blog sobre desenho do que no blog sobre conteúdo. E isso tem estancado um pouco as coisas na editora, porque os textos de divulgação simplesmente não tem saído. Para matar de vez, eu conheci um blog muito ruim de uma ilustradora profissional enquanto procurava por mães empreendedoras na mesma situação (empreendedoras, mães, donas de casa - sem escolhinha, sem babá, sem doméstica). E depois de umas semanas pirando com "como essa mulher ganha dinheiro com umas ilustras tão toscas?"; eu finalmente compreendi que não tinha necessidade de manter o SketchBlock da maneira como estava... Não há necessidade de documentar meu caminho até um determinado nível de desenvolvimento porquê... Não há nível objetivo para chegar. Não existe nada nem ninguém para atestar "parabéns, agora você está apta para trabalhar profissionalmente com desenho e ilustração" -- onde eu estou já está bom... E isso muda tudo.

Muda tudo porque, embora eu ame escrever e tenha 12 argumentos de não-ficção na fila para produzir livros, eu ainda sou a mulher com mais de 400 livros exclusivamente sobre desenho e pintura, materiais para uma década e que, mesmo dentro de toda a loucura da maternidade, ainda faz questão de espremer dinheiro e horários para fazer aulas de pintura em lápis de cor. Quando eu penso em algo para ganhar dinheiro, qualquer coisa que seja, tudo aquilo que não vai para contas e manutenção básica da vida já é alocado mentalmente para esse tipo de coisas -- isso só é um problema, porque até agora essa tem sido a única conexão constante com arte (vou parar com a viadagem de não usar a palavra arte), mas colocando os pingos nos i's, isso significa alguma coisa... E sabendo que, apesar de eu produzir muito pouca coisa, minha filha de um ano e cinco meses aponta pra todo desenho que vê e diz "mamãe" porque acha que foi eu que fiz, me diz que já tem mais uma pequena pessoa me identificando com isso.

Ainda estou meio relutante... Além da opção "papelaria virtual", eu não sei como ganhar dinheiro com isso -- nunca soube, por isso essa ainda é uma questão -- mas eu sinto que a "questão artística" está subindo sobre a editora rapidamente... Tanto que eu tive que aceitar criar uma "marca mãe" para as duas, de forma que eu pudesse agrupar todos produtos e serviços em um único guarda-chuva para lançar a minha lojinha em Julho. Essa é a forma de fazer um "meio de campo" entre as possibilidades de negócio que eu tenho por aqui... As coisas que eu venho "sentindo" me dizem que o desenho vai passar a escrita mas, eu ainda não consigo ser 100% valente de mandar a opção aparentemente mais sensata às favas e investir tudo em algo que eu ainda não sei como capitalizar... Eu sei que o envolvimento clareia as ideias mas... Eu ainda não consigo ser essa pessoa. Quero acreditar que quando eu estiver pronta, eu farei o que for preciso.

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